A Chave
Mas não foi tão fácil assim.
O ritual é sempre o mesmo: estaciono o carro e vou direto abrir o correio. Minto, abrir não seria o termo correto, já que a fechadura da portinha tá quebrada e ela fica aberta sempre. Não vejo problemas em ficar aberto, até porque tenho certeza que ninguém vai deixar lá dentro um maço de notas de 100 reais pra mim.
O que tem lá dentro normalmente são contas pra pagar, então nada mais justo que eu deixar aberto para ver se alguém se solidariza comigo e paga alguma delas.
Neste dia não foi diferente, cumpri o ritual a risca, estacionando o carro e me encaminhando para a entrada do meu bloco, onde ficam as caixas de correio. Chegando lá veio a surpresa. A minha portinha estava chaveada e com o miolo trocado. Pensei: boa!!! resolveram arrumar pra mim, finalmente!!! Então, com toda a calma do mundo me dirigi para a portaria para buscar a nova chave.
Logo que cheguei na guarita já perguntei ao porteiro (do alto dos seus 98 anos, no mínimo) se poderia pegar a minha nova chave do correio. Então ele foi lá pra dentro, demorou algum tempo e na volta me disse que não tinha nada lá pra mim e que ninguém teria trocado a minha fechadura do correio.
Eu realmente não acreditava naquilo. Porque alguém trocaria a minha fechadura e não deixaria a chave pra mim??? Só se fosse alguém que quisesse pagar as minhas contas, o que convenhamos, é bem difícil de acontecer.
Resultado, até agora estou sem abrir o correio, a minha chave não apareceu e as contas vão atrasar. E vocês todos estão de prova que a culpa não é minha.
Eu ando com tanto azar que se por acaso eu resolver comprar um anão, tenho certeza que ele vai crescer!!!
Fui...